O jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que morreu após invadir o recinto de uma leoa no zoológico de João Pessoa, foi sepultado nesta segunda-feira. A história do rapaz, marcada por um longo histórico de saúde mental e forte ligação com animais, emocionou profissionais que o acompanharam durante anos.
Segundo uma conselheira tutelar que conviveu com ele desde a infância, Gerson tinha esquizofrenia diagnosticada tardiamente e demonstrava, desde pequeno, um encantamento incomum por leões. Ela relatou que ele costumava dizer que um dia iria para a África, participar de um safári e “domar os leões”.
A conselheira também lembrou que o jovem sempre demonstrou carinho pelos animais. Em uma ocasião, quando precisou ser acolhido, ele insistiu em levar consigo o cachorro que cuidava, mostrando apego e responsabilidade.
Gerson invadiu o recinto escalando estruturas de segurança e utilizando uma árvore para ter acesso à área onde estava Leona, uma leoa adulta do zoológico. Ao perceber a presença do intruso, o animal reagiu de forma instintiva e avançou contra o jovem. Ele ainda tentou correr, mas foi imobilizado pelo felino.
A perícia apontou que a causa da morte foi choque hemorrágico provocado por ferimentos graves no pescoço.
Leona nasceu no próprio zoológico em 2006 e sempre viveu sob cuidados especializados. Ela cresceu ao lado dos pais e, após a morte deles, passou a conviver sozinha no recinto. Técnicos do parque explicaram que o ataque foi uma reação natural a uma invasão repentina, e que o animal não será sacrificado.
Após o incidente, Leona apresentou sinais de estresse, mas respondeu aos comandos dos tratadores e foi contida de forma segura, sem a necessidade de tranquilizantes.
O parque foi imediatamente evacuado e permanece com as atividades suspensas enquanto as autoridades apuram como a invasão ocorreu. A prefeitura informou que o jovem ultrapassou todas as barreiras de segurança antes de alcançar o recinto, incluindo uma parede de mais de seis metros e grades de proteção.
Equipes de veterinários, biólogos e zootecnistas acompanham o comportamento da leoa, que segue sob observação.
Órgãos municipais e estaduais iniciaram procedimentos para investigar o episódio e revisar protocolos de segurança. Uma comissão técnica será formada para avaliar a estrutura do zoológico e propor medidas preventivas.
A tragédia levantou discussões sobre saúde mental, segurança em parques ambientais e necessidade de reforço em protocolos de proteção tanto para visitantes quanto para os animais.