Uma nova paralisação nacional dos caminhoneiros, anunciada para esta quinta-feira (4), tem provocado apreensão em diversos setores da economia, especialmente no agronegócio e na logística. Apesar da grande circulação de vídeos e mensagens nas redes sociais convocando o ato, o movimento nasce fragmentado e sem consenso entre as principais lideranças da categoria.
A mobilização ganhou visibilidade após um vídeo divulgado por Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que afirma ter protocolado em Brasília uma série de reivindicações direcionadas ao governo federal. Ele diz que o protesto deve ocorrer dentro da legalidade e que eventuais manifestações devem preservar o direito de ir e vir.
Entre as solicitações citadas por Chicão estão:
Definição de um piso mínimo de frete
Congelamento das dívidas da categoria por 12 meses, com possibilidade de renegociação
Aposentadoria especial após 25 anos de atividade
Linhas de crédito de até R$ 200 mil
Isenção de IPI para renovação de frota
Criação de uma vara judicial específica para assuntos do transporte rodoviário
Mesmo com a diversidade das pautas, a iniciativa enfrenta resistência dentro da própria categoria.
Parte dos caminhoneiros critica o ato por enxergar nele influências político-partidárias. Um dos pontos mais polêmicos é a participação de apoiadores que defendem incluir na pauta pedidos de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a envolvidos nos atos de 8 de janeiro — o que tem afastado vários líderes tradicionais.
Nomes conhecidos da greve de 2018, como Wallace Landim, o “Chorão”, rejeitam qualquer paralisação com conotação política e afirmam que não irão aderir.
Entidades representativas também se mantêm distantes. Organizações que reúnem federações e sindicatos afirmam não ter recebido qualquer comunicação oficial sobre greve e não identificam movimento significativo entre suas bases. Esse distanciamento reforça a dúvida sobre o potencial de adesão nacional.
Apesar da falta de unidade, representantes independentes afirmam que as condições de trabalho continuam precárias. Entre os problemas mais citados estão:
Remuneração baixa
Dificuldades para cumprir normas devido à falta de estrutura nas estradas
Insegurança crescente nas rodovias
Setores econômicos acompanham o caso com receio. A greve de 2018, que durou dez dias, provocou desabastecimento, inflação momentânea e escalada do preço dos combustíveis. Hoje, com valores médios já próximos de R$ 6, especialistas temem que uma nova paralisação prolongada possa gerar novos aumentos.
Com lideranças divergindo, entidades distantes e grupos independentes puxando a mobilização, o país se mantém em alerta. Há grande expectativa para esta quinta-feira, mas nenhuma garantia de que o movimento terá força suficiente para se transformar em uma paralisação nacional.