Na semana passada, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Terrestre de Rondonópolis e Região (STTRR), Afonso Aragão, concluiu a chamada Missão Miritituba, uma visita ao Porto de Miritituba, no estado do Pará. A convite de trabalhadores locais, Afonso foi ao porto para conhecer a realidade enfrentada pelos motoristas e operadores da área e apresentar propostas baseadas em iniciativas que deram certo em Mato Grosso.
Afonso, que liderou recentemente um movimento por melhorias para os trabalhadores que atuam no Terminal Intermodal da Rumo Logística, em Rondonópolis — o maior da América Latina —, ficou alarmado com as condições de trabalho observadas em Miritituba. Segundo ele, a situação no porto é extremamente precária, com poucos recursos e infraestrutura para os motoristas.
"Os trabalhadores motoristas enfrentam condições totalmente precárias. Não há nenhum tipo de estrutura de apoio ou suporte, seja na segurança, saúde ou infraestrutura dos pontos de apoio. Os pátios de triagem, que deveriam servir como áreas de descanso, estão em estado deplorável. Os banheiros são precários, e a maioria dos locais sequer tem pavimentação. As vias de acesso e escoamento dos produtos nos portos do Rio Tapajós também são inadequadas, resultando em filas intermináveis", relatou Afonso.
Uma das questões mais graves é o tempo de espera dos motoristas, que podem chegar a até dez dias aguardando para descarregar suas cargas. "Imagine um caminhão carregado de combustível, aguardando por dez dias. O motorista, sem nenhum tipo de suporte, é forçado a dormir dentro do caminhão, exposto ao sol e à chuva. A situação é insustentável", completou.
Em resposta a essa realidade, Afonso explicou que o STTRR está buscando soluções jurídicas e logísticas para mudar o cenário de Miritituba. A entidade trabalha para desenvolver uma base de apoio para os caminhoneiros da região, oferecendo melhores condições de trabalho e suporte adequado durante o tempo de espera.
Além disso, Afonso destacou outro problema que afeta os trabalhadores do transporte: os bloqueios realizados por povos indígenas na BR-163, que frequentemente interrompem o fluxo de mercadorias. O presidente do STTRR já acionou o Ministério Público Federal (MPF) para buscar uma solução para o impasse, que tem prejudicado ainda mais os motoristas.
Diante dos desafios enfrentados, Afonso alertou para os riscos de desemprego na região. "Com a redução na demanda de fretes, as empresas acabam sendo forçadas a cortar custos, o que muitas vezes resulta em demissões. Isso pode afetar diretamente os trabalhadores e a economia local", concluiu.