A operação de desintrusão realizada em Pontes e Lacerda (483 km de Cuiabá) revelou mais um capítulo da infiltração do crime organizado em garimpos ilegais no estado. Durante buscas no domingo (28), agentes do Ibama localizaram um acampamento subterrâneo usado como esconderijo por garimpeiros armados ligados à facção Comando Vermelho.
O galpão, enterrado sob o solo, escondia armamentos, mantimentos, equipamentos de apoio ao garimpo e até caixas de bebidas alcoólicas. De acordo com os fiscais, a estrutura servia como ponto estratégico para proteger as atividades ilegais na região.
A descoberta ocorreu dias após o confronto armado entre agentes e cinco criminosos, na quinta-feira (25), próximo à aldeia central da etnia Nambikwara. Os garimpeiros dispararam contra a equipe, que atuava no cumprimento de decisão da Justiça Federal para retirada dos invasores.
Na sexta-feira (26), armas e outros equipamentos foram encontrados enterrados no local do confronto. O ponto, conhecido entre os criminosos como Garimpo do 14, já havia sido cenário de outro embate armado no ano passado, que resultou em cinco mortes.
A Terra Indígena Sararé é considerada uma das mais devastadas do Brasil. Dos 67 mil hectares, mais de 3 mil já foram tomados pela mineração ilegal. Estima-se que cerca de 2 mil garimpeiros estejam em atividade no território.
Somente nesta fase da operação, mais de 160 escavadeiras, motores e estruturas de suporte já foram destruídos. Desde 2023, o número ultrapassa 460 máquinas neutralizadas.
A ação é coordenada pelo Ibama em parceria com a Polícia Federal, PRF, Funai, Força Nacional, Gefron, Polícia Civil e PMs de MT e GO, sem prazo definido para encerrar.