O presidente regional do Partido Liberal (PL) em Mato Grosso, Ananias Filho, ex-prefeito de Rondonópolis e atual secretário de Governo em Cuiabá, afirmou que a definição das chapas ao governo do Estado e ao Senado caberá exclusivamente ao presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, em conjunto com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Segundo ele, qualquer outra manifestação, principalmente de lideranças de siglas diferentes, não tem relevância para as decisões do PL. “Quem vai decidir chama-se Valdemar da Costa Neto, junto com o presidente Jair Bolsonaro”, declarou, ironizando parlamentares de outros partidos que estariam tentando interferir na formatação da chapa. “Agora é o momento dos aspirantes darem palpite. Tem deputado aí de outro partido que não manda nem no partido dele e quer opinar aqui”, completou.
Ananias revelou também os bastidores da conversa entre Bolsonaro e Valdemar, que expôs um desconforto interno e colocou em dúvida a candidatura do senador Wellington Fagundes ao governo de Mato Grosso. Ele afirmou que as tratativas aconteceram, apesar de desmentidos iniciais, e reconheceu que o episódio gerou dificuldades dentro do partido. “Eu pedi ao presidente Valdemar: ‘Houve conversa ou não houve?’ Ele afirmou: ‘Houve’. A expressão feita pelo presidente Bolsonaro nos deixou em dificuldade. O senador Wellington ficou em dificuldade. Mas restabelecemos e mostramos que iríamos para a luta”, relatou. Ainda segundo o dirigente, a opção de falar publicamente sobre o assunto foi uma estratégia para evitar que especulações políticas continuassem ganhando corpo. “Externei que houve a conversa, mas que a candidatura do senador estava colocada e não teria recuo”, reforçou.
Mesmo assim, Ananias admitiu que ainda não há um consenso consolidado e que o cenário eleitoral segue em construção. Ele argumentou que várias lideranças do grupo que venceu a eleição de 2022 – entre elas Mauro Mendes, Otaviano Pivetta e o próprio Wellington Fagundes – buscam espaço e protagonismo. Para o PL, isso ocorre em um ambiente político favorável à direita no Estado, já que a legenda obteve 50% da bancada federal, conquistou a única vaga ao Senado e registrou o melhor desempenho proporcional do país nas urnas. Apesar desse cenário, o dirigente reconheceu que Wellington ainda não foi abraçado como candidato natural dentro do bloco governista liderado por Mauro Mendes.
Sobre articulações paralelas de integrantes do PL que estariam atuando contra a candidatura de Wellington, Ananias foi direto ao afirmar que considera legítimo o debate interno, mas condena movimentos feitos fora da estrutura partidária. “Eu não acho legítimo quando se trabalha fora do partido. Internamente, tudo bem. Externamente, dificulta o trabalho”, afirmou. Ele também comentou os efeitos das aproximações com o MDB, especialmente envolvendo a deputada Janaína Riva, e destacou que há resistência dentro do próprio PL em relação a esse diálogo. Outro fator que pressiona o cenário político é o atrito entre o governador Mauro Mendes e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que já motivou o prefeito cuiabano Abílio Júnior a se opor a qualquer articulação que garanta a Mendes apoio do bolsonarismo na disputa pelo Senado. “Do jeito que está indo, está cheio de ‘não pode isso, não pode aquilo’, mas a decisão final será do diretório nacional”, ponderou.
Ao finalizar, Ananias usou uma metáfora para reforçar que a direção estadual segue subordinada às decisões tomadas pela liderança nacional do PL, destacando o peso do alinhamento com Bolsonaro e Valdemar. “A cachoeira nunca é de baixo para cima”, concluiu.