Medida entra em vigor em 1º de agosto e pode afetar exportações de petróleo, aço, carne, celulose e agronegócio como um todo
O anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto, provocou forte reação entre exportadores, economistas e autoridades brasileiras. A medida, vista como protecionista e agressiva, atinge diretamente setores estratégicos como petróleo, aço, alumínio, carne, laranja, açúcar, calçados e celulose.
A principal preocupação é com a elevação dos custos para compradores americanos e, consequentemente, a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado dos Estados Unidos. Segundo especialistas, isso pode forçar empresas brasileiras a reduzir margens de lucro ou buscar mercados alternativos em tempo recorde — um desafio difícil diante da complexidade logística e comercial.
“O impacto é muito grande. Vai desde a indústria da siderurgia ao agronegócio. O Brasil depende desse comércio exterior para manter parte do PIB girando”, alerta o economista André Perfeito.
A economista Bruna Alemanha complementa: “A primeira grande vítima será o exportador. A cadeia inteira pode ser afetada, inclusive o consumidor, que já sente no bolso a pressão da inflação e do dólar alto”.
Dólar dispara e inflação pode acelerar
A medida já começou a ter reflexos no mercado cambial. O dólar abriu o dia cotado a R$ 5,60, pressionando ainda mais os preços de produtos no Brasil, especialmente os importados ou dolarizados. Como o Brasil importa fertilizantes, eletrônicos, insumos industriais e combustíveis, qualquer oscilação cambial afeta diretamente o custo de vida.
“Infelizmente, o brasileiro come dólar todos os dias. Desde o café da manhã até o momento que acende a luz”, reforça Bruna.
Além disso, a instabilidade interfere na política monetária. O Banco Central, que cogitava cortar os juros, agora pode ser forçado a manter ou até elevar a taxa básica para conter a inflação. Isso, por sua vez, freia o crédito e o consumo.
Reação brasileira e riscos de retaliação
O governo brasileiro ainda avalia como responder. Há pressão de setores industriais para uma retaliação comercial simétrica, aplicando tarifas sobre produtos americanos. No entanto, diplomatas e analistas pedem cautela, temendo uma escalada que prejudique ainda mais a economia brasileira.
Hoje, cerca de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes, segundo dados oficiais. Com juros altos, crédito escasso e inflação em alta, o temor é de um agravamento da crise econômica interna.